quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

"E lá estávamos nós... Deitados naquele gramado pelo que poderia ser um minuto e, ao mesmo tempo, um século. Ergui a mão aberta em direção ao céu, olhando as estrelas por entre meus dedos. -Isso não é lindo? - eu disse, meio que falando comigo mesma. -Isso o que é lindo, L.? -O modo como essas estrelas brilham, mesmo que estejam mortas... Ainda as vemos. Ainda nos iluminam toda noite. Suspirei. Era o tipo de coisa que me deixava em extâse. Os astros, a noite, as luzes, as almas... Era o tipo de assunto no qual eu podia me prender por horas e horas.
-Sim... É mesmo algo lindo.
Me sentei, abraçando meus joelhos como uma criança que se sente sozinha.
-Às vezes, não é sempre, sabe? Só que às vezes eu me sinto como uma dessas estrelas mortas. Por que, de certo modo, estou morta e essa é a verdade, mas as pessoas à minha volta não veem isso... Elas acham que estou viva, por que estão muito longe. Minha morte ainda não chegou até elas...
-Se tu fores uma estrela morta, minha cara, saiba que gerou muitas outras à tua volta... Sabe, uma estrela quando se 'apaga' deixa outras, pequenas, brilhando no lugar onde esteve. Mas não acho que você seja do tipo que se apaga.
-Toda estrela se apaga um dia...
-Então você não é uma estrela, oras. É, não sei, o que é eterno? Bem, não sei se é eterno, mas sei que é grande. Você é um universo, L. Um universo à parte de qualquer outros, com seus próprios astros pairando loucos por aí.
-Um Universo...
-Sim, um Universo. O mais belo e completo dos espaços.
-Provavelmente, também o mais comfuso.
-Todas as grandes descobertas são confusas... Veja a teoria da evolução.
-Está me comparando com algo que diz que viemos de um macaco?
-Hum, me desculpe. Okay, teoria da relatividade, que tal? Albert Einstein...
-Sei quem foi o responsável por ela... Mas... quem é o responsável por mim?
-Talvez você não precise de um.
-Mas talvez eu queira um."

-Alguém.

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