sábado, 1 de dezembro de 2012

"Eu precisava de uma boa desculpa pra sair daquela festa. A música era horrível e não havia sequer uma bebida que pudesse me deixar de porre. Mas era a festa de uma velha amiga, ela iria ficar magoada se eu fosse embora.
Então eu precisava de um bom motivo pra ficar lá. Minha música preferida, um doce bem feito ou uma garrafa de whisky decente. Tanto faz. Mas era difícil encontrar algo bom ali.
Eu precisava de ar. Ar puro.
Subi as escadas e fui pra sacada de um dos quartos. O vento frio da noite bateu confortável contra minha pele.
Mas eu não estava só. Tinha um cara na sacada do outro quarto. Alto e muito branco, o terno escuro caía muito bem contra sua pele. Sua gravata estava lpresa com um nó nas grades da sacada.Os óculos de armação reta, discretos, o faziam parecer ainda mais sóbrio, sério.
Encarei meus pés. Eu era oposta àquele cara. Estava usando o mesmo par de tênis sem cadarço que usei na formatura do ensino médio. Um vestidoxadrez meio curto que eu com certeza não compraria, mas decidi tirar do embruhlo de presente e vestir.
Ele tinha aquele porte de excutivo bem sucedido, enquanto eu, bem, digamos que até minha estatura contribuía para que eu ainda parecesse uma caloura de colegial.
Pensei em entrar e me jogar na cama. Estou passando mal, Mari, você não se importa se eu ficar um tempo aqui, não é? Mas não pude. Os olhos dele prenderam os meus.
Olhos castanhos? Sim, deviam ser castanhos.  Mas também poderiam ser verdes. Mas estava bem assim. Olhos escuros contrastando com a pele clara que contrastava com o terno que contrasatava com a camisa que contrastava com a noite.
Ficamos um bom tempo assim, apenas nos encarando. Talvez ele também estivesse me fazendo perguntas mentais. Por três vezes, meus lábios se abriram. Mas nenhum som saiu.
Ouvi meu nome e meu pescoço virou-se instintivamente para dentro da casa. Que diabos. Ouvi a porta da outra sacada bater. Quando votei o olhar, ele já não estava lá.
Suspirei. Voltei para baixo.
Desci a tempo de ver alguém pegar um chapéu do cabideiro na entrada e colocá-lo na cabeça antes de sair pela porta. Alguém alto, usando um terno muito escuro.
Mas ninguém saberia quem era ele. Sequer saberiam quem eu era."
-Alguém.

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