quinta-feira, 1 de novembro de 2012

"Ah, querido... Você era minha última esperança. Sim, sei que parece exagero, sei que parece dramaticidade minha, mas ouça o que digo. Você fodeu com a minha vida. Não, não, olhe. Isso é algo bom! Você me fez repensar certas coisas. Aliás, você não fodeu com nada. Literalmente, não fodeu nada com relação a mim. Eu é que, na tua falta, tentei ter discussões comigo mesma e tentei me contrariar. Taí. Esse foi o meu brilhante prêmio. Mais e mais pensamentos doentios. Caramba, garoto, você é um idiota perfeito. Ou seria um perfeito idiota? Ah, já não importa. Fazem anos que não nos falamos. Ou seriam meses? Ah, de que diabos vale o tempo quando se está prestes a morrer? Por quê estamos, caro amigo. E como estamos. A cada segundo nos aproximamos mais e mais de nossas covas. É só que eu já aceitei isso, mas não posso deixar de encarar o fato de que estou sozinha nessa caminhada para a morte. Vejo esses colegas acenando de longe enquanto correm para seus túmulos, como se tivessem pressa. Tento ir para trás, mas há algo que me impele para frente. Ou algo que me puxa. Não sei. É como se um par de braços quentes envolve-se minha cintura e me arrastasse para aquele buraco. Mas não quero, não devo, não gosto da ideia de fechar os olhos para a eternidade que poderia se estender diante de mim caso aquela força cedesse. Acho que essa força se chama tempo. E, convenhamos, o tempo é idiota. Nos controla, nos suga, nos consome. O tempo é amigo e inimigo. É. Ele é mãe. Te frustra, às vezes te fere, te proíbe, mas cuida de você.Ah, caro tempo... Pare de ser cruel, me deixe ter um pouco de domínio... Me deixe perseguir o que quero e pare de me jogar para a frente. Às vezes é preciso voltar atrás."
Alguém.

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