domingo, 4 de novembro de 2012

"Nunca mais vou amar ninguém, eu disse a mim mesma, entre dois goles de vodca, nunca, nunquinha, amor só fode a gente. Mas disse sem pensar, sei que não me controlo, sou péssima em me conter! E então terminei a vodca. Virei-me para observar o movimento mais além do balcão da boate enquanto o barman não me trazia outra dose. E então o vi entrando. Alto, louro, imponente. Os traços nórdicos perfeitamente angulados. Era a personificação dos meus sonhos. A camisa azul claro com as mangas dobradas caía tão bem em você como nunca havia visto em ninguém. Em geral eu não gosto dessa coisa de sport fino, de casual chic, mas adorei quando vi em você. Inspirava força e, ah meu deus, eu queria essa força! E então você olhou em volta, mas veio em direção ao bar. Quando você estava a apenas uns metros do balcão, o barman apareceu com a minha vodca. Aqui está, moça, disse o barman. Agradeci e tomei um gole. A vodca parecia ter um sabor muito melhor agora. Vi pelo canto do olho que alguém havia se sentado ao meu lado. Me virei duma vez, passei os olhos direto por você e depois fiquei encarando a pista de dança. Sim, era você. Com aquele seu Calvin Klein dominando o ar à minha volta. Por deus! Você era como um desses drinques óitimos mas que derrubam a gente depois de um tempo. Um desses bem doces, coloridos e que fazem um mal danado quando acabam. Por algum motivo, quando vi de relance você virando o corpo todo para mim, senti um arrepio de cima a baixo na espinha. Vodca, senhorita? Isso é mesmo sério!, sua voz era ainda mais doce do que o drinque que eu estava imaginando. Pelos céus, juro que podia me viciar nesse teu jeito de falar. Acha mesmo? Estou num dia bom. Virei o rosto e me deparei com seus olhos me fitando como se tentassem desvendar algo. Dia bom? Então não se importaria de aceitar algo que combine mais com a senhorita. Você tirou a vodca das minhas mãos e pediu um martíni para você e uma piña colada para mim. Posso?, perguntei, trocando os copos sem esperar resposta, Melhor assim, prefiro martíni. Você riu. Moça, você deve ser uma enxaqueca ambulante! Bebi um gole do meu martíni antes de perguntar como assim? E então você respondeu como toda sua maestria de galanteador de noitadas, Você parece ser o tipo de mulher que deixa qualquer um louco! Sabe, o tipo que detona a sanidade mental de qualquer ser humano. Não pude deixar de rir ao ouvir isso. Era mesmo sério? A personificação do orgasmo dizendo que eu era de deixar louco! Ah claro, sou ótima nisso! Porém, olhe só pra você! Aposto duzentos que você pode ir falar com qualquer mulher nessa boate que ela toparia transar com você na hora. Ele sorriu desafiador. Ah é? Mas eu não podia me deixar vencer. Tenho certeza. Quer apostar? Ele olhou sério para minha mão estendida e então a apertou. Okay, aceito. Duzentos. Olhei o mais secamente possível pra dentro dos olhos dele. Como disse, duzentos. Agora, vamos. Levante-se e fale com qualquer mulher daqui. Ele parecia se divertir com a minha proposta. Claro, claro, tudo bem, ele se levantou e ficou de frente para mim, então moça? Que tal uma trepada? Não pude conter o riso. O quê? Sem chance! Assim não vale!  Ele riu comigo. Vale sim, você disse qualquer mulher. Você é mulher, certo? Fiquei atônita, você estava certo. Bem... eu disse. Mas eu não vou transar com você, então você ganhou. Ele sorriu triunfante. Sim, me deve duzentos. Eu ia tirar o talão de cheques da bolsa, quando você segurou minha mão. Não, não, senhorita. Pare com isso. Não preciso de dinheiro... Tirei a mão de dentro da bolsa e a fechei. Pois então, não vai querer que eu pague a aposta? Você me olhou como se eu tivesse dito a coisa mais boba do mundo. E eu lá sou homem de sair sem pagamento de uma aposta ganha? Pois bem, primeiro, não vamos distorcer o que você disse. Me deve duzentos, certo? Eu ainda não havia entendido aonde você queria chegar... Sim, foi o que eu disse. Você passou a mão pelo queixo, como se considerasse uma hipótese. De fato, terrivelmente sexy. Você simplesmente me puxou pra frente e me beijou como se o mundo estivesse prestes a acabar. Então separou seus lábios dos meus e sussurrou contra minha boca: Cento e noventa e nove..."
Alguém.

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