sábado, 10 de novembro de 2012

"Era o fim. Todos cercados e sem saída. Um tiro de um deles... Pulei na frente dela segurando uma placa de aço, mas não foi o suficiente... Morremos... O silêncio prevalece. Ela e eu caídos no chão frio, mortos, mas com o corpo ainda quente. Amigos choravam e se ajoelhavam para nos prestar socorro, mas já era tarde demais, pois o tiro havia atravessado em mim um ponto vital, assim como nela... Ela, que eu tentei salvar. Mas falhei. Falhei como a vez que tentei torná-la feliz. Aquele que nos matou fugiu com seus parceiros e nossos amigos gritavam socorro. E naquele momento, eu e ela nos levantamos, mas não nossos corpos e sim nossas almas... Olhamos um para o outro e ela me abraçou e agradeceu, eu pedi perdão por não tê-la salvo, mas ela não se importou com meu fracasso , o fato de eu ter tentado já a fazia satisfeita, mas não tanto quanto termos sobrevivido . Ninguém nos via e dias passaram. Fomos ao nosso funeral.Choramos juntos e seguimos primeiro para a casa dela para que se despedisse da família. Acreditávamos que uma hora iríamos embora deste mundo. Depois fomos à minha casa e depois à casa dos amigos, e sem mais para onde ir, seguimos para a praia, e sentamos na beira do mar. O que faremos agora?, perguntei a ela, que me disse vamos conversar sobre o por que você tentou salvar-me naquele dia. Eu disse que não foi pelo fato de que a amo, mas por que eu me sentia responsável em proteger a todos. Ela meu acertou um soco na cara .
Mais tarde, continuávamos a vagar sem rumo, e ela me disse que havia uma pessoa que ela gostava, ou melhor, amava, e eu dei a entender que eu não era esta pessoa. Ela me pediu desculpas e tomou outro caminho.Cinco longos anos sem vê-la, sem falar com ninguém, apenas vagando e assistindo a vida de outras pessoas, eu só tinha minha sanidade devido à minha fé. Um dia, enquanto andava pelas ruas de uma cidade, encontrei-me com ela, que estava com a andar em círculos, frustrada e incansável. Dei um soco em sua cara e disse Quando vivo, só vivo por algo. Quando morro, morro por alguém , mas o alguém agora é ninguém! Sei ler em latim, sei literatura, sei muitas coisas. Sei viver depois da morte, sei que você morreu, mas eu me fiz amigo a quem não tinha um, respirei, ouvi conselhos de pessoas mais velhas, procurei conhecimento, procurei sabedoria. Ela olhou com os olhos tortos e perguntou-me O que quis dizer com isso? Respondi apenas Nada, só não sabia o que dizer para você antes de te convidar para sair.Me deu a mão e perguntou para onde iríamos e eu respondi vamos ao teatro.

Meus profundos agradecimentos a Carlos Eduardo, o encantador de mentes, o atravessador de almas.

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