terça-feira, 6 de novembro de 2012

"Peguei-me escrevendo outra canção. Mas, desta vez, não era de ódio, não era de amor, não era de inconformação. Era a letra mais apática do mundo. Tirei a folha do rolo que a posicionava na máquina velha e barulhenta à minha frente. Li o que havia escrito. Por Deus, eu escrevi mesmo isto? Quando eu me tornara tão incapaz de sentimento? Não, não. Me perdoe, ego, mas não posso seguir assim. Eu achei msmo que poderia ser feliz nessa casa mofada, com essa máquina de escrever - que mais ranje e bate do que escreve - e essas garrafas de whisky? Tenho um coração ainda. Sinto meu sangue correndo quando toco meu pulso. Sim, sinto. Mas isso não quer dizer nada além de "está viva, idiota, ainda está ocupando uma vaga no mundo". Ah, é. Era só isso que meu pulso significava. pelo menos, até eu me tocar disso. Olho pela janela. Chove demais lá fora, meu carro está meio longe. Me levanto da cadeira, largando a folha na mesa, sob um peso de papel - ou era apenas um bibelô? Já não importa. Tirei meu casaco e saí."
Alguém.

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